O aquarismo e o perigo de sua relação estreita com o empirismo.

[Thiago Barrak]

Do Latim, experiência, o termo empirismo surge de uma tendência de segmento filosófico que se desenvolve no reino unido desde a idade média, como principal fundador John Locke. Parte fundamental do método científico que descreve a necessidade de testar e confrontar hipóteses experimentadas em sua prática.

No aquarismo temos a oportunidade de lidar de forma prática e extremamente próxima com a vida, algo que acarreta uma extrema responsabilidade, quando no meio no qual nós seres humanos vivemos e habitamos quem controla nosso meio ambiente é a natureza com processos físico químicos, biológicos e fenômenos muitas vezes incontroláveis por nós mesmos, em um aquário quem controla esse ambiente são os aquaristas, ou seja, se aplica a frase metafórica ”Brincar de Deus”, controlamos a temperatura na faixa que quisermos, pH, salinidade, cálcio, reserva alcalina, fosfatos, nitratos, amônia e dai por diante… O que nos da total responsabilidade pela vida dos seres mantidos tanto por erros como por acertos nesse controle.

Nesse controle buscamos a perfeição, mas o que seria a perfeição? Chegar o mais próximo do ambiente marinho natural onde são encontrados os seres que você cria no seu aquário. Mas como entender e conhecer tudo que existe no ambiente marinho natural? Com pesquisas e trabalhos na área, com leitura, com dedicação e experimentação, o que constitui o entendimento científico de determinada área, sempre avançando com novas descobertas e novas propostas que nos levem a mais dúvidas a serem respondidas.

Sou absolutamente convicto que na aquariofilia devemos entender a dimensão da responsabilidade que acarreta as atitudes que são tomadas com os animais, seja com uma elaboração de novas técnicas, novos produtos para alimentação, novos produtos para filtragem ou mesmo suplementação, bem como técnicas de manejo e reprodução, além disso, todos que estão a mais tempo no hobby ou mesmo no trabalho nessa área e que se tornem formadores de opinião, esses sim possuem essa necessidade de responsabilidade dobrada, triplicada, ou digo mais, nesses casos a responsabilidade se torna sagrada, afinal tudo aquilo que for dito por alguém experiente que influencie o seu método ou informação deve ter plena certeza ou ao menos ciência de que vidas estão em jogo no caso de uma informação errada.

Muitas vezes vemos informações sendo jogadas a grosso modo em diversos meios de comunicação, tratamentos, suplementações, alimentações, métodos, muitas vezes curas para doenças, porém com dosagens diferentes em cada local de pesquisa, receitas diferentes para o mesmo tratamento, ou mesmo milagres que sem explicação resolvem algo sem base alguma. Nesse caso o empirismo adotado como primeiro guia do aquarista, algo que não consigo concordar, o conhecimento prático necessita do teórico para fundamentar alguma hipótese. Lidar com a vida marinha é pura ciência, pura biologia, para tal necessita da união dos conhecimentos empíricos, teóricos, indutivos e dedutivos, uma mescla harmoniosa entre esses métodos de se obter conhecimento levarão o mais próximo possível do ideal as proposições a serem testadas e aplicadas. Salvando vidas afinal se errarmos os seres vivos paragão a conta. Só achismo não trás segurança alguma, só um tipo de conhecimento também não.

Crie um argumento indutivo onde a premissa proporciona alguma algum fundamento da sua conclusão, crie argumento dedutivo onde a premissa proporciona total fundamento da sua conclusão, use e abuse do empirismo selecionando boas fontes, coloque tudo em prática, teste e teste mais uma vez, mergulhe na teoria bem embasada, artigos científicos e resultados testados e ache a informação de qualidade.

Meus sinceros parabéns aos canais, aos meios de comunicação sejam eles quais forem que estejam transmitindo informação de qualidade no que me refiro do respeito a vida que exige tal tema.

Aquarismo.

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